Minicursos e Oficinas

2MINI-CURSOS
1.    Antropologia e História da alimentação.
Ministrantes: Prof. Dr. Antônio de Pádua Santiago de Freitas (Mahis/Uece)
                      Prof. Dr. Gerson Augusto de Oliveira Júnior (Mahis/Uece)

RESUMO: Desde os estudos pioneiros da antropologia sobre as sociedades ditas primitivas que os antropólogos e sociólogos se depararam com questões envolvendo a importância social da alimentação. Inicialmente, esses estudos eram associados aos sistemas religiosos e privilegiavam as temáticas do sacrifício, do totemismo e das interdições que lhe são inerentes. A antropologia avançou, consolidando referenciais teóricos, instrumentos de investigação e privilegiando novas temáticas. Dados etnográficos coletados nas mais diversas sociedades apontaram a estreita relação entre os aspectos sociais e culturais que orientam as práticas alimentares. Nesse sentido, Claude Lévi-Strauss abriu um vasto campo de investigação ao falar do cru e do cozido para refletir sobre a passagem da natureza à cultura. Isso porque o homem, ao contrário dos outros animais, cozinha e não se restringe a recolher o que existe na natureza. Assim, o fogo representa a primeira passagem no processo que torna o alimento um “fator cultural”. O homem não se define apenas como um ser prático e funcional. Por isso, as práticas culinárias são orientadas por um conjunto de saberes, normas, tabus e valores que orientam a conduta dos indivíduos enquanto membros de uma coletividade específica. Nada do que comemos é neutro, pois cada sociedade define e determina o que é comida. O paladar diz respeito a construções, escolhas e identificações orientadas pelos sistemas culturais e nos permite pensar importantes elementos do imaginário social. O sistema de classificação próprio de uma determinada cultura confere as qualidades simbólicas dos alimentos, as quais não podem ser entendidas quando consideramos apenas sua dimensão nutritiva. Não é por acaso que expressão “comida caseira” nos diz muito sobre o ambiente familiar e nos permite falar da cozinha como um lugar da memória. Inegavelmente, a comida atua como um excelente definidor das identidades pessoais e grupais, estilos regionais e nacionais de ser, fazer e viver. Seja com for, é possível afirmar que a comida identifica um grupo tanto quanto sua língua falada. Então, a diversidade cultural pode ser compreendida a partir das manifestações e práticas culinárias. Contudo, tal empreendimento não pode prescindir de um olhar multidisciplinar que tenha como horizonte epistemológico a religação dos saberes. Sem dúvida, o diálogo da Antropologia com a História representa um caminho fecundo.  Sendo assim, lembramos que alimentação e a cozinha tornaram-se obsessões da historiografia, cujo aporte da antropologia precisou os conceitos de imaginário, de simbologia, de representação e de sociabilidade balizadores do campo da Nova História Cultural. As formas de cozinhar e de se alimentar são reveladoras das permanências e das mudanças que se operam na sociedade. Sejam elas do ponto de vista das técnicas, da comercialização ou da constituição dos saberes culinários transmitidos. Evidentemente existe uma comida do período clássico, do medieval, do moderno e da contemporaneidade. Uma comida nacional e uma comida internacional. Cada sociedade e contextos históricos refletem, inventam suas sensibilidades gastronômicas. O que se come tem uma relação direta com o quando se come. E nesse sentido, quando a longa duração faz a mediação entre meio e sociedade as perspectivas de subsistência, de saúde, de segurança e as emergências dos medos, das proibições, dos gostos passados demarcam a genealogia da estrutura mental gastronômica do presente. Portanto, o presente curso opera como reflexão dos marcos transformadores da história da alimentação levando em conta o cruzamento entre o biológico, o histórico e o cultural, sem deixar de se apreender a repercussão no político, no econômico e nas tecnologias, para assim, ligar a comida com possibilidade de reinvenções constantes do homem e da sociedade.

2.      Biografia: entre a "ilusão biográfica" de Pierre Bourdieu e o método indiciário da História."
Ministrantes: Prof. Ms. Ivaneide Ulisses Barbosa (História- Fafidam/Uece)
                      Prof. Dr. Marly Medeiros Miranda (Pedagogia- Fafidam/Uece)
RESUMO: Exposição e discussão sobre as idéias do sociólogo francês  Pierre Bourdieu sobre Historias de vida, apresentadas no texto “Ilusão biográfica” confrontando com o método indiciário do historiador italiano Carlo Ginzburg. Ambas as perspectivas trazem contribuições para que possamos pensar acerca da construção textual a partir do relato de vida de sujeitos particulares, naquilo que estamos a trabalhar como "escrita de si" ou "produções de si" (indícios produzidos pelo biografado ao longo de sua trajetória de vida) e como o pesquisador social transforma tais indícios em texto/discurso.

3.     Entre a materialidade e a imaginação: a cidade como objeto de muitos discursos.
Ministrante: Prof. Dr. José Olivenor de Souza Chaves (História- Fafidam/Uece)

(MINICURSO LOTADO)

 RESUMO: A partir das abordagens propostas pela história cultural, a cidade deixa de ser um lócus privilegiado dos processos econômicos, tornando-se um objeto de reflexão para os historiadores que, sobremaneira, têm se debruçado no resgate dos discursos, das imagens e práticas sociais de representação da cidade. Portanto, dentro desta perspectiva, a cidade passou a ser investigada a partir das sensibilidades, ou seja, das formas como os citadinos as vêem, as percebem, formas que se acham em constante processo de renovação. Abordaremos, assim, duas cidades correspondentes: as cidades reais, concretas, visuais, tácteis, consumidas e usadas no dia-dia; e, as cidades imaginárias, criadas no pensamento e na ação do homem. Para isto, faremos um inventário de marcas sensíveis de historicidade que falam da cidade, do urbano. 

4.    O uso de recursos no ensino de história.
Ministrante: Prof. Ms. Gustavo Adolfo  Dalmeida Lobo (História- Fafidam/Uece)

5.    História e Historiografia da questão Agrária no Brasil
Ministrante: Prof. Ms. Francisco Antônio da Silva (História - Fafidam/Uece)
RESUMO: A estrutura fundiária brasileira é um dos fatores de impedimento ao desenvolvimento da agricultura brasileira e de seu povo, pois a terra é um dos principais fatores de produção de qualquer economia, seja ela pobre ou rica. Nesse sentido, a terra enquanto meio de produção continua sendo essencial mesmo nas economias mais desenvolvidas do mundo. A concentração de terras nas mãos de poucos é um dos elementos que contribui para a construção e manutenção da miséria e pobreza na qual vivem milhões de brasileiros, no campo e na cidade. A estrutura fundiária brasileira é o resultado do processo de construção desta formação sócio-histórica na qual vivemos. Por outro lado, a questão agrária tem se revelado um dos temas mais fascinantes das últimas décadas no Brasil, pois a luta pela terra tem se transformado numa bandeira de luta que tem contribuído para mudar ou transformar a realidade cotidiana de milhares de trabalhadores. A reforma agrária tem sido apontada, mesmo por setores menos progressistas da sociedade brasileira, como a alternativa mais viável para a mudança do quadro de miséria e exclusão no qual vive a grande maioria do povo brasileiro, pois ela não beneficia apenas o homem do campo, mas também contribui para dinamizar as áreas no entorno dos assentamentos de reforma agrária. Embora, seja uma questão de grande relevância para se pensar a sociedade brasileira e os rumos que ela vem trilhando, a universidade, em especial a FAFIDAM, não tem dado a atenção que o problema merece. Assim, pretendo com esta proposta de trabalho contribuir para se pensar a questão agrária e a estrutura fundiária brasileira, assim como a produção historiográfica a respeito da temática, para que possamos nos posicionar de forma mais coerente diante do problema. Possibilitar a reflexão em torno do problema da terra no Brasil, compreendendo a dinâmica da estrutura fundiária e o seu papel na configuração da sociedade brasileira contemporânea e os problemas que ela acarreta para o país.

6.      “Milagres do povo”: cultura, cotidiano e religiosidades na musicalidade de Caetano Veloso.
Ministrantes: Cintya Chaves - Graduanda em História UECE
                       Luciana Meire Gomes Reges - Graduanda em História UECE

OFICINA

1.    Fontes de estudos sobre cultura popular
Ministrantes: Hannah Jook Otaviano Rodrigues
      Marília Soares Cardoso
                      Rafael Antônio Oliveira De Souza
                  Leopoldo de Macedo Barbosa

2.    Quebrando Silêncios: Oficina de Instrumentos Didáticos em História e Cultura Afro-Brasileira.
Ministrantes: Carlos Rochester Ferreira de Lima – Graduado em História UECE
                    Rosileide de Sousa Cruz - Graduada em História UECE

RESUMO: O curso surgiu das inquietações diante das imagens discriminatórias e depreciativas, forjadas e naturalizadas desde a efetivação da colonização de nosso país, até as formas silenciadoras sistematizadas nos diversos âmbitos sociais contemporâneos, inclusive na Escola. Levando em consideração que a sociedade Brasileira é formada por grupos étnicos distintos e que por isso suas História e Cultura devem ser valorizadas e reconhecidas como meio de superação das injustiças e desqualificações construídas Historicamente. Dessa forma, as Diretrizes e Bases da Educação Nacional nas leis n° 10.639/03 e 11.645/08 que altera a Lei n° 9.394/96, onde se regulamenta a inclusão no currículo oficial o ensino da temática de “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, tornando-se um instrumento de reparação, valorização e afirmação das identidades desses grupos. Só a lei não basta. Faz-se necessário uma retomada de estratégias que levam em consideração os aspectos multirraciais da população Brasileira imergida nas contradições das relações de ensino e aprendizagem. Partindo dessa premissa, busca-se promover uma releitura da História do mundo Africano e de suas contribuições para a formação da sociedade Brasileira numa perspectiva em que a Escola, por meio dos educadores sensibilizados, se torna o espaço por excelência onde pode-se efetivar de fato uma inclusão positiva e de valorização da auto-estima de crianças negras e mestiças.